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Pornografia afeta a relação?
Ilusão, vício ou apenas um pouco de diversão? Seja qual for a sua opinião, com mais de 2,5 milhões de sites disponíveis, é difícil escapar à presença da pornografia na internet. Jornalista inglês desnuda sua alma — e seu laptop — e explora o impacto que ela tem em nossas vidas amorosas.
Quer saber o que eu tenho em comum com Osama Bin Laden? Se os militares americanos invadissem meu computador, encontrariam pornografia no disco rígido, como no de Bin Laden. E se até o líder de um movimento que nasceu de uma revolta religiosa contra a decadência do Ocidente assiste a pornografia na internet... Então quem escapa?
Segundo o professor Simon Louis Lajeunesse, da Universidade de Montreal, no Canadá, a resposta é: ninguém. Em 2009, ele iniciou um estudo sobre os diferentes hábitos sexuais dos homens na faixa dos 20 anos que acessavam pornografia e dos que não acessavam. Como se comportariam na cama? Tratariam as mulheres de maneira diferente? Viam a si mesmos de forma distinta? No meio da pesquisa, o professor encontrou um obstáculo: “Não havia um rapaz na faixa dos 20 que nunca tivesse consumido pornografia”, disse. “É que, com a internet, faz pelo menos dez anos que os homens têm conteúdo erótico ao alcance do mouse.”
Como homem, acho isso deprimente. Não somos pessoas ruins, mas isso nos faz parecer patéticos. É como se uma câmera de Big Brother flagrasse milhões de nós debruçados sobre seus computadores com uma caixa de lenços de papel na mão e um sorriso distorcido no rosto. Esta não pode ser a vida que realmente desejamos.
Minha amiga Sarah, uma enfermeira de 35 anos, acredita que a imaginação dos homens está se estreitando por conta desse hábito. “Parece que eles não sentem mais prazer em flertar ou nos estimular”, diz. “Todos querem fazer as mesmas posições. E meu último namorado esperava que eu dormisse para entrar na internet. Havia uma mulher de verdade na cama, mas ele preferia assistir a filmes em que mulheres desconhecidas faziam sexo com outros homens. Isso é absurdo.”
Ironicamente, a recente aparição de sites caseiros dedicados a mostrar garotas de verdade fazendo sexo de verdade (embora haja diversas profissionais envolvidas) e de sites como o xHamster, com pornografia feita em casa e clipes piratas, ameaça levar a indústria à falência. Na rede quase ninguém precisa pagar.
Sarah é uma mulher linda, confiante e adora aventuras. Qualquer cara que prefira pornografia na internet a ela é realmente um idiota. Mas os homens são criaturas simples e somos mais ou menos dominados por nossa biologia. “Eles reagem mais a sinais visuais do que a qualquer outro ser”, diz a terapeuta sexual Paula Hall. “É por isso que a pornografia funciona tão bem para eles. Já o núcleo erótico das mulheres é bem mais complexo.”
Então todos os homens são viciados em pornografia? Embora os números precisos sejam inconfiáveis em uma indústria tão envolta em vergonha e proibição, dois neurocientistas, Ogi Ogas e Sai Gaddam — autores de A Billion Wicked Thoughts (Um Bilhão de Pensamentos Maliciosos, Penguin, ainda sem tradução no Brasil) — concluíram que, em 1991, antes do nascimento da internet como a conhecemos hoje, havia cerca de 90 revistas pornô nos Estados Unidos. Hoje são mais de 2,5 milhões de sites com conteúdo adulto ao alcance de qualquer um.

O ATOR MICHAEL FASSBENDER EM CENA DO FILME "SHAME", NA QUAL INTERPRÉTA UM HOMEM COM COMPULSÃO POR SEXO QUE NÃO DISPENSA VÍDEOS ERÓTICOS PELA INTERNET
Pessoalmente, minha relação com a pornografia às vezes parece um vício. Não porque eu esteja constantemente percorrendo sites em busca de alguma nova emoção obscena, mas porque já tentei abandonar esse hábito algumas vezes, depois voltei aos poucos, depois abandonei novamente, enojado. Às vezes me sinto como um bulímico de pornografia. Eu me conheço — conheço minhas fantasias: sedução, lingerie, uma venda nos olhos e dedos ou lábios percorrendo suavemente a pele. Mas, de modo geral, a pornografia me restringiu. Algumas das imagens mentais que mais aprecio foram distorcidas para se encaixar no mercado de massa.
É certo que a diversão da imagem pornô não afeta meu comportamento — gosto de um bom filme de ação, mas nem por isso sou tentado a colocar uma bomba ou a sequestrar um trem. Então por que me preocupo com a pornografia? Por que temo que esse gênero esteja penetrando a minha psique e modificando fundamentalmente meus sentimentos sobre o amor?
A resposta é difícil. Mesmo os psicólogos estão divididos. Metade daqueles com quem conversei acham que os homens que assistem a muita pornografia acabam copiando o que eles veem: sexo fingido, orientado visualmente e o mais arriscado possível. Outros pensam que é apenas curiosidade: os homens entrariam em um site para ver uma mulher com três seios. Mas isso não quer dizer que queiram dormir com uma delas. Pessoalmente, não posso imaginar algum dos meus amigos participando de sexo a três ou grupal. É a coisa menos sensual que existe. Mesmo assim, há uma forte atração na imagem.
Todos os homens se sentem um pouco ridículos usando pornografia. A imaginação das mulheres é mais rica do que a nossa e, suas fantasias, mais complexas e emocionantes. Por isso, um pedido: levem-nos com vocês. Para onde quer que suas mentes vão durante aquelas horas em que vocês pensam em sexo — sem precisar necessariamente assistir ao PornTube — vamos para lá juntos. Vendo daqui, parece que vocês estão se divertindo muito mais.

Quer saber o que eu tenho em comum com Osama Bin Laden? Se os militares americanos invadissem meu computador, encontrariam pornografia no disco rígido, como no de Bin Laden. E se até o líder de um movimento que nasceu de uma revolta religiosa contra a decadência do Ocidente assiste a pornografia na internet... Então quem escapa?
Segundo o professor Simon Louis Lajeunesse, da Universidade de Montreal, no Canadá, a resposta é: ninguém. Em 2009, ele iniciou um estudo sobre os diferentes hábitos sexuais dos homens na faixa dos 20 anos que acessavam pornografia e dos que não acessavam. Como se comportariam na cama? Tratariam as mulheres de maneira diferente? Viam a si mesmos de forma distinta? No meio da pesquisa, o professor encontrou um obstáculo: “Não havia um rapaz na faixa dos 20 que nunca tivesse consumido pornografia”, disse. “É que, com a internet, faz pelo menos dez anos que os homens têm conteúdo erótico ao alcance do mouse.”
20% dos homens admitem assistir
a videos pornô no trabalho**
Minha amiga Sarah, uma enfermeira de 35 anos, acredita que a imaginação dos homens está se estreitando por conta desse hábito. “Parece que eles não sentem mais prazer em flertar ou nos estimular”, diz. “Todos querem fazer as mesmas posições. E meu último namorado esperava que eu dormisse para entrar na internet. Havia uma mulher de verdade na cama, mas ele preferia assistir a filmes em que mulheres desconhecidas faziam sexo com outros homens. Isso é absurdo.”
17% das mulheres dizem que são
viciadas em pornografia online*
Sarah é uma mulher linda, confiante e adora aventuras. Qualquer cara que prefira pornografia na internet a ela é realmente um idiota. Mas os homens são criaturas simples e somos mais ou menos dominados por nossa biologia. “Eles reagem mais a sinais visuais do que a qualquer outro ser”, diz a terapeuta sexual Paula Hall. “É por isso que a pornografia funciona tão bem para eles. Já o núcleo erótico das mulheres é bem mais complexo.”
11 anos é a idade média em que uma criança
tem seu primeiro contato com sites do gênero**
Então todos os homens são viciados em pornografia? Embora os números precisos sejam inconfiáveis em uma indústria tão envolta em vergonha e proibição, dois neurocientistas, Ogi Ogas e Sai Gaddam — autores de A Billion Wicked Thoughts (Um Bilhão de Pensamentos Maliciosos, Penguin, ainda sem tradução no Brasil) — concluíram que, em 1991, antes do nascimento da internet como a conhecemos hoje, havia cerca de 90 revistas pornô nos Estados Unidos. Hoje são mais de 2,5 milhões de sites com conteúdo adulto ao alcance de qualquer um.

O ATOR MICHAEL FASSBENDER EM CENA DO FILME "SHAME", NA QUAL INTERPRÉTA UM HOMEM COM COMPULSÃO POR SEXO QUE NÃO DISPENSA VÍDEOS ERÓTICOS PELA INTERNET
Pessoalmente, minha relação com a pornografia às vezes parece um vício. Não porque eu esteja constantemente percorrendo sites em busca de alguma nova emoção obscena, mas porque já tentei abandonar esse hábito algumas vezes, depois voltei aos poucos, depois abandonei novamente, enojado. Às vezes me sinto como um bulímico de pornografia. Eu me conheço — conheço minhas fantasias: sedução, lingerie, uma venda nos olhos e dedos ou lábios percorrendo suavemente a pele. Mas, de modo geral, a pornografia me restringiu. Algumas das imagens mentais que mais aprecio foram distorcidas para se encaixar no mercado de massa.
28.258 internautas acessam sites
de sexo por segundo**
A resposta é difícil. Mesmo os psicólogos estão divididos. Metade daqueles com quem conversei acham que os homens que assistem a muita pornografia acabam copiando o que eles veem: sexo fingido, orientado visualmente e o mais arriscado possível. Outros pensam que é apenas curiosidade: os homens entrariam em um site para ver uma mulher com três seios. Mas isso não quer dizer que queiram dormir com uma delas. Pessoalmente, não posso imaginar algum dos meus amigos participando de sexo a três ou grupal. É a coisa menos sensual que existe. Mesmo assim, há uma forte atração na imagem.
8% de todos os e-mails enviados ( 2,5 bilhões)
incluem conteúdo adulto**
VOCÊ SE IMPORTA SE SEU PARCEIRO ASSISTIR A FILMES ERÓTICOS?
Curso para drag queens atrai mulheres

A passista e professora de ritmos Cláudia Waléria, 37, é uma das alunas de um dos poucos cursos de drag queens do país. Ela se inscreveu em Santos, SP, cidade onde mora, com o objetivo de se capacitar para expandir sua atuação profissional e aprofundar uma confusão: em palcos internacionais, vestida de Carmen Miranda, ela diz que provoca um encantamento ambíguo nos gringos. “Eles ficam na dúvida se eu sou mulher mesmo ou uma drag queen. Isso ocorre principalmente nos shows em navios”, explica. "Adoro ser confundida com as drags. É um super elogio. Elas são lindas."
A especialização - quase inédita em um segmento artístico marcado pelo autodidatismo - é coordenada, desde o início de março, pelo ator e bailarino Zecarlos Gomes, nas salas do Sesc Santos, instituição que cedeu o espaço para o primeiro módulo da capacitação. Gratuito, o curso foi viabilizado com verbas do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, e tem 23 alunos inscritos.
Homens, mulheres e até um casal, de diferentes idades e perfis recebem, duas vezes por semana, em oito horas, instruções de maquiagem, dança, canto e interpretação - disciplinas idealizadas para subsidiar a criação de novas drag queens.
Durante 30 dias, os alunos são capacitados e avaliados. Para participar da primeira etapa era necessário apenas boa vontade dos candidados. No começo de abril, os professores selecionarão oito homens e quatro mulheres para seguir adiante no curso, que deixa a unidade do Sesc e passa a ser realizado em uma universidade de Santos.
A ideia de Zecarlos é recrutar 12 drags em potencial para apresentar uma peça de teatro no segundo semestre do ano. O espetáculo, que concluirá a capacitação, ainda não tem roteiro, mas deve parodiar o filme "Priscilla", numa versão do que é ser drag no Brasil. As apresentações ocorrerão nos teatros municipais da baixada santista, como previsto no projeto.
A ideia veio quando Zecarlos, que também dá vida à drag Sheyla Müller, se deu conta de que boa parte da pouca qualidade das apresentações que via nas boates gays da baixada santista se devia à falta de informação. “Ao frequentar essas baladas, eu via um pessoal competente, mas sem instrução nenhuma. Os personagens eram pobres pela precariedade do figurino, da maquiagem", diz ele, que também assume as aulas de teatro do curso. Ele então convidou a professora de dança Fernanda Iannuzzi, o especialista em maquiagem artística Fernando Pompeu e a professora de canto Rosy Patron, para oferecer uma bagagem artística a quem ganha a vida ou gostaria de ter suas noites como uma drag queen.Ambição
A falta de instrução e o medo de não ser uma “drag diva” tolheram o talento de Ricardo Ornelas, 25. Aspirante a drag, ele sempre quis assumir sua versão mulher como profissão, mas não tinha coragem. “Sonhava em me montar, mas não sabia nem por onde começar e tinha medo de ficar horrível. Não quero ser caricato, quero ser bela e arrasar.”

Com o curso, aprendeu a forma correta de esconder as sobrancelhas e maquiar o rosto para suavizar as formas masculinas. Na aula de dança, calçou uma sandália com 10 centímetros de salto pela primeira vez. Rebolou, desfilou e não caiu. “Nasci pra ser diva mesmo, tinha medo de me estatelar no chão ou de não ter equilíbrio, mas me surpreendi demais.”
Na labuta há seis anos, Kiko Forner, 27, é cabeleireiro durante o dia e Joybelle D´Vayner à noite. O nome, inspirado em uma boneca Barbie negra, não rende ainda o sustento necessário para aposentar as tesouras. Por ora, ele assume sua versão feminina para aparecer, ser reconhecido e aplaudido no meio. “Alguns homens gostam de futebol, eu me realizo como drag. Não é rentável, faço por amor e vaidade.” A capacitação ajudará a sofisticar a personagem já existente.
Casados há 25 anos, a fotógrafa Cláudia Gouvea, 49, e o DJ Tomás Tlach, 51, encaram as aulas de uma forma mais recreativa do que profissionalizante. Embora o objetivo seja desenvolver novas habilidades no campo artístico, Tomás já pensa em assumir a personagem para tocar em festas. “É uma forma de me descobrir, conhecer outros universos, mas também posso surpreender o meu público me apresentando vestido de drag.”
Reconhecimento

A trajetória de drags reconhecidas e hoje bem remuneradas endossa a análise de mercado que motivou Zecarlos a estruturar o curso. A primeira vez que Walder se vestiu como o que viria a ser a caricata drag queen Tchaka – hoje palestrante e animadora de festas de casamento, chá-bar e aniversários – o produto usado para esconder as sobrancelhas, truque fundamental na transformação, não foi maquiagem, mas pasta de dente.
“Ficou tosco demais, tanto é que um amigo disse que eu parecia o Chaka do seriado "O elo perdido". Não tinha ideia, referência, nada. Tudo foi construído aos poucos, por minha conta e risco mesmo”, conta ele, que se considera um "palhaço de luxo" do público que atende.
O que começou remetendo a um macaco, famoso na época de 80, hoje representa não apenas glamour e fama, mas o sustento de sua família. Com renda média de 10 mil reais por mês, ele está prestes a completar 4 mil eventos realizados em dez anos de carreira.

Antes de ser sensação em boates gays de São Paulo e Brasília com covers das cantoras Beyoncé, Katy Perry, Rihanna e do show de Madonna no intervalo do Super Bowl, Alexia Twister, personagem de Mateus Miranda, 32, também teve suas noites do que eles chamam de “drag pobrinha.”
“Eu recorria às roupas da minha mãe, e misturava com pedaços de tecidos comprados em lojas da rua 25 de março, em São Paulo. Sem instrução, é complicado ter noção do próprio rosto para esconder as formas masculinas e assumir a versão mulher.”
Para eles, que recebem e-mails diariamente com pedidos de ajuda ou apadrinhamento – as drags geralmente são “batizadas” por outras profissionais já famosas no ramo – a capacitação reforça o lado artístico e ajuda a tirá-las da marginalização.“Somos atores de um personagem só, mas isso também é arte, independente da associação com o universo gay", assevera Walder.